9.10.11

Festival do Rio - Vidas Cruzadas

Tavinhu aplaudiu de pé

Oi pessoal. Ia começar os posts do Festival do Rio com um resumo do que vi até agora, até porque sempre vejo muitos filmes e escrever sobre cada um ia ser fogo. Mas, depois de ter assistido “Vidas Cruzadas” ontem, decidi dedicar um post exclusivo a esse filme.

Na verdade não vou falar muito do filme, até porque acho que todo mundo deve assistir. Mas, não posso deixar de falar de tudo que fiquei pensando da hora em que a cena final vai acontecendo (com os créditos aparecendo), e que fiquei hipnotizado olhando a tela e pensando em tudo que vou escrever abaixo, até essa hora em que estou de frente pro computador imaginando como passar todos os sentimentos que guardei.

Falar do filme é fácil. Atuações impecáveis, reconstituição de época perfeita, uma história densa e um filme que te deixa com um nó na garganta o tempo todo, mas ao mesmo tempo te garante grandes gargalhadas. Talvez esse seja o maior sucesso do filme. Como tocar em um assunto tão delicado de forma a te fazer pensar (e chorar muitas vezes), sem perder a leveza que o cinema exige. Afinal, vamos para nos divertir né?

Mas queria mesmo é compartilhar o que fiquei pensando quando a cena final ia acontecendo. Fiquei pensando em tudo que a raça humana já fez até hoje (pior que continua fazendo), pensando no quanto não aprendemos com nossos erros do passado, e o quanto nossas formas de discriminação são veladas porque é simplesmente cult fingir que não temos preconceito. Foram os negros (e continuam sendo), foram os gays (e continuam sendo), foram até os religiosos (e continuam sendo). Todos, todos discriminados no passado e até hoje. E pior, todos continuam discriminando da mesma forma.

O filme retrata a época que se discriminava negros nos EUA de forma “velada”. Apesar de leis que pregavam a diferença, a sociedade fingia que os tratava de forma digna. Daquele tempo pra cá muita coisa mudou, ao menos nas leis. Mas será que mudou mesmo? E não falo só dos negros. Falo dos perseguidos religiosos, que sofrem porque alguns seguidores da mesma religião cometem crimes, falo das mulheres ainda perseguidas no trabalho, falo dos gays que apesar da pseudo-aceitação ainda são agredidos nas ruas, e falo até da forma como esses grupos tratam seus “inimigos”.

Em uma passagem do filme é dito: “É preciso amar até seus inimigos”. A protagonista mesmo reconhece a dificuldade em cumprir esse comando bíblico, mas nos deixa uma grande lição. É preciso ao menos lhes contar a verdade. Será que essa intolerância aos que pregam contra grupos não é também uma forma de discriminação. Não podemos achar que o mundo tem que pensar da mesma forma que a gente, mas podemos exigir respeito e contar, até aos inimigos, o que pensamos. Mas há de se respeitar, afinal são tão frágeis, simples e errados como nós.

Não, definitivamente não vou conseguir traduzir aqui tudo que fiquei pensando depois do filme. Então só me resta deixar um pedido: Que todos assistam o filme. Pensem muito no que ele nos ensina. Mas, principalmente, que passem e aplicar nas pequenas coisas do dia-a-dia o que suas cabeças pensarão na cena final, quando os créditos aparecem.

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